domingo, 2 de setembro de 2012

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO - PURGATÓRIO E PENITÊNCIA






 



O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. 
 
Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. 



Foi definido como "uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna".

O pecado é ofensa a Deus:  


"Pequei contra ti, contra ti somente; pratiquei o que é mau aos teus olhos" (Sl 51,6).

A raiz do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do Senhor: 

"Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro"
 (Mt 15,19-20). 

No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado fere.






  AS PENAS DO PECADO




O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. 








Há pecados claramente descritos na Bíblia como graves ou mortais:

 

21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.
(Gl 5,21) 

 "8 Mas, quanto os tíbios, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte. "
(Apo 21,8)



Quanto às faltas leves ou veniais, muitas vezes passam despercebidas, mas se dissermos não ter pecado nos enganamos:

 
"8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós."
(1 Jo 1,8.10)








 





Santa Maria Madalena, penitente.







 A SATISFAÇÃO PELO PECADO

Muitos pecados prejudicam o próximo. 

É preciso fazer possível para reparar esse mal (por exemplo restituir as coisas roubadas, restabelecer a reputação daquele que foi caluniado ressarcir as ofensas e injúrias). 

A reparação do pecado é algo necessária:

" Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado."
(Lc 19,8)

 

A simples justiça exige isso. Mas, além disso, o pecado fere e enfraquece o próprio pecador, como também suas relações com Deus e com o próximo

A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens que ele causou.

 O pecado tem uma dupla conseqüência: uma nos afasta de Deus e do próximo na terra, e na eternidade.


O pecado exigi purificação, assim lemos na Bíblia, que apesar do Senhor perdoar nossas faltas, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação.

Esta purificação liberta da chamada "pena temporal" do pecado.
Na Bíblia, lemos em algumas passagens que Deus perdoou o pecado de Davi e o do Profeta Eli, mas o advertiu que haveriam de pagar pelo  que fizeram:  

 

"13 Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Tornou Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morreras.
14 Todavia, porquanto com este feito deste lugar a que os inimigos do Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá." (2Sam 12, 13-14)



"14 Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais será expiada a sua iniqüidade, nem com sacrifícios, nem com ofertas.

 (...)
17 Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante dos filisteus, e houve grande matança entre o povo; além disto, também teus dois filhos, Hofni e Finéias, são mortos, e a arca de Deus é tomada.
18 Quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porquanto era homem velho e pesado. 


No livro de Jonas, lemos:


"12 Respondeu-lhes ele: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade. "

(jon 1,12)



 


Essas penas devidas pelo pecado não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. 




 




Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena. Como a do ladrão arrependido:

"Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso."
(Lucas 23,43)



   O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. 

Mas permanecem as penas temporais do pecado. 


Suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte, o cristão deve esforçar-se para aceitar, como uma graça, essas penas temporais do pecado; 


deve aplicar-se, por inicio de obras de misericórdia e de caridade, como também pela oração e por diversas práticas de penitência, a despojar-se completamente do "velho homem" para revestir-se do "homem novo".


Práticas como a esmola e a oração, nos ajudam a alcançar graças diante de Deus e como expiação de nossas faltas:


"2 piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus,
(...)O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus." At 10, 2
 
Liberto do pecado, o pecador deve ainda recobrar a plena saúde espiritual.

Deve, portanto, fazer alguma coisa a mais para reparar seus pecados: deve "satisfazer" de modo apropriado ou "expiar" seus pecados. 

Esta satisfação chama-se também "penitência".



 



 São Jerônimo em penitência




 A penitência é a demonstração de seu arrependimento.




 Como lemos na Bíblia, há diversas formas de penitência:


 
"6 A notícia chegou também ao rei de Nínive; e ele se levantou do seu trono e, despindo-se do seu manto e cobrindo-se de saco, sentou-se sobre cinzas.
7 E fez uma proclamação, e a publicou em Nínive, por decreto do rei e dos seus nobres, dizendo: Não provem coisa alguma nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas; não comam, nem bebam água;
8 mas sejam cobertos de saco, tanto os homens como os animais, e clamem fortemente a Deus; e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos."
(Jon 3, 6-8)










Santa Maria Madalena, a penitente.











"37 E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
38 e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo." (Lc 7, 37-38)


"8 E Jó, tomando um caco para com ele se raspar, sentou-se no meio da cinza." (Jó 2, 8)

"12 E, levantando de longe os olhos e não o reconhecendo, choraram em alta voz; e, rasgando cada um o seu manto, lançaram pó para o ar sobre as suas cabeças.
13 E ficaram sentados com ele na terra sete dias e sete noites; e nenhum deles lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande." (Jó 2, 12-13)



 O pecado exige purificação, aqui na terra, mas caso a pessoa morra na graça de Deus e ainda haja alguma pena temporal devida pelo pecado a se purificar, a Bíblia nos relata que depois da morte, no outro mundo, o faremos, num estado que a Igreja chama de "purgatório":




"Todo o que tiver falado contra o Filho do homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste mundo, nem no mundo vindouro." ( Mt 12, 32).




"13 a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será reveldada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
14 Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.
15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo."
(1 Cor 3, 13-15)






 "Ora , quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo."( Lc, 12, 58-59).


" Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém mais se há de exigir." ( Lc 12, 48). 































 

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