domingo, 6 de outubro de 2013

SOB O MANTO DA VIRGEM MARIA, SENHORA APARECIDA - BÍBLIA - MARIA É O MANTO DO SENHOR


“Se alguém pedir tua túnica, dá também o teu manto…” (Mat 5,40)

O significado do manto


Desde a Antiguidade, o manto representa uma espécie de “extensão” de seu possuidor, um recurso visível e simbólico para se mostrar o alcance dos poderes daquele determinado personagem.


Quando uma pessoa perseguida recorria, em seu desespero, a alguém poderoso em busca de proteção, era costume que o protetor lhe revestisse publicamente com o seu próprio manto. 


Em determinados casos, o manto com as insígnias chegava mesmo a ser “emprestado” àquele que outrora era perseguido, o que lhe dava salvo-conduto por todo o Reino.



Em outras palavras, ser revestido pelo manto de alguém poderoso significa nada menos que ser adotado, receber as dignidades de Seu Nome.


Por isso, ao invocarmos a intercessão da Virgem Maria, Mãe de Deus, Nossa Senhora, pedimos que ela nos cubra com seu manto, ou seja, nos envolva em seu poder materno, nos adote e nos dê a dignidade de seu nome poderoso, levando-nos a Jesus, como Elias ao lançar o manto em Eliseu, simbolizando o chamado dele ao seu seguimento (I Reis 19,19-20):

"Elias, partindo dali, encontrou Eliseu, filho de Safat, lavrando com doze juntas de bois diante dele; ele mesmo conduzia a duodécima junta. Elias aproximou-se e jogou o seu manto sobre ele.
20. Eliseu, deixando imediatamente os seus bois, correu atrás de Elias, e disse: Deixa-me ir beijar meu pai e minha mãe, depois te seguirei. Vai, disse-lhe Elias, mas volta, porque sabes o que te fiz."

 Elias lançou seu manto, símbolo de suas responsabilidades como servo de Deus, sobre os ombros de Eliseu (leia Nm 20,28). O simbolismo é muito óbvio. Eliseu recebeu, então, um chamado sagrado.

O manto de Elias significava devoção, comprometimento e dedicação. Quando Elias lançou sobre os ombros do jovem o manto da consagração, isso foi para Eliseu o sinal de que Deus o havia chamado para seguir os passos de Elias.

Do mesmo modo, o manto de Nossa Senhora é invocado sobre nós, pedimos que Ela nos jogue seu manto, nos coloque sobre ele, para sentirmos também a graça do Espírito de Deus que a envolveu e a fez Bendita entre todas as mulheres ( Luc 1,42), Graça Plena ( Luc 1,28). 

Essa intercessão de Maria é possível, pois após a morte todos os Santos estão diante de Deus (Luc 16,22; 20,38; 23,42; Fil 1,23; II Cor 5,1; Apo 7,15; 14,4) e podem interceder por nós, como mediadores secundários que somos ( I Jo 5,16; Tg 5,16; I Tim 2,1; Fil 1,19; II Cor 1,11), pois no céu oram, louvam e servem a Deus sem cessar (Apo 6,9ss; 7,4ss;14,1ss; Luc 16, 19ss;II Mac 4,30;15,12-14).

 Eles intercedem apoiando-se em Cristo, que vive para interceder e é o Único Mediador de nossa Salvação ( I Tim 2,5; Heb 7,25; 8,6) e é o corpo místico da Igreja do qual todos fazem parte (I Cor 12,12.20) ,vivos e mortos (Rom 14,8;II Cor 5,9; Luc 20,38; I Tes 5,10) , pois a morte não nos separa do Senhor (Rom 8,38-39), ao contrário, nos une ( II Cor 5,6-8; I Tes 5,10; Fil 1,23).













Diz Isaías 6: “As franjas do manto de Deus enchiam todo o templo”.  Nessa passagem, o manto é a figura simbólica para a Glória de Deus. Assim, ao invocarmos que Maria nos coloque sob seu manto, simbolicamente pedimos que ela nos ponha sobre a proteção de sua intercessão.


Imploramos ser revestidos do manto de Nossa Senhora, para assim como Eliseu, sentir o chamado de imitá-la, de segui-la no amor e dedicação a Jesus e  de como Ela um dia ser elevado no amor ao céu, pois a escritura diz que "como os olhos das escravas estão fitos nas mãos de sua senhora, assim os nossos olhos, no Senhor, até de nós ter piedade. " (Sl 122,2).

Assim, ficamos com os olhos fitos nas mão de Nossa Senhora em oração e no Senhor esperando sua misericórdia.

O manto da Virgem para nós é fonte de proteção e milagres, como o manto de Elias, após sua subida ao céu, o foi para Eliseu, que tomando-o pela invocação do nome de Elias realizava milagres, assim como nós que invocando o nome venerável da Virgem, a Plena de Graça, vemos Deus realizar prodígios em nossa vida (II Reis 2, 8.11-15):

8. Elias tomou o seu manto, dobrou-o e feriu com ele as águas, que se separaram para as duas bandas, de modo que atravessaram ambos a pé enxuto.

11. Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num turbilhão.
12. Vendo isso, Eliseu exclamou: Meu pai, meu pai! Carro e cavalaria de Israel! E não o viu mais. Tomando então as suas vestes, rasgou-as em duas partes.
13. Apanhou o manto que Elias deixara cair, e voltando até o Jordão, parou à beira do rio.

14. Tomou o manto que Elias deixara cair, feriu com ele as águas, dizendo: Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Onde está ele? Tendo ferido as águas, estas separaram-se para um e outro lado, e Eliseu passou.


15. Os filhos dos profetas que estavam em Jericó, vendo o que acontecera defronte deles, disseram: O Espírito de Elias repousa em Eliseu. Foram-lhe ao encontro, prostraram-se por terra diante dele..."



Vemos nesse texto como Eliseu venerava Elias chamando-o de Pai carro e cavalaria de Israel,  invocando a Deus por meio de Elias realiza prodígios e como os filhos dos profetas reconhecem nele o espírito de Elias e o veneram prostrando-se, tudo isso encontramos no nosso culto à Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria.

Nós a veneramos como Eliseu venerou Elias, invocamos a Deus por sua intercessão vendo suas graças em nossas vidas e buscamos levar sua presença materna, seu espírito, a todos que precisam e como os filhos dos profetas, nos prostramos aos pés de Maria, pois nela reconhecemos o Templo perfeito de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.

Existe uma diferença em adorar (culto prestado a Deus, Senhor de tudo, como em Jo 4,24; 9,38) e venerar ( respeito e honra prestado aos Profetas, Santos e Anjos, como vemos em I Sam 25,23; I Re 18,7; Num 22,31).



Os milagres do manto de Jesus:

Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do manto. (São Mateus 9, 20)

Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. (São Marcos 5, 28)

aproximou-se dele por detrás e tocou-lhe a orla do manto; e no mesmo instante lhe parou o fluxo de sangue. (São Lucas 8, 44)


Se pensarmos como o manto de Jesus era fonte de milagres podemos imaginar como Maria não seria fonte de graças inesgotáveis?

Se um simples toque com fé no manto de Jesus realizava prodígios, imagine o que não faz uma simples Ave Maria, um toque, no coração da Mãe de Deus?

Se o manto de Jesus era sagrado apenas por tocá-lo durante certo tempo, como não seria Sagrada e digna de veneração aquela que envolveu o corpo de Jesus por nove meses e o carregou e amamentou por um bom tempo?

Como não seria fonte de milagres aquela que o envolveu como um manto, que foi de onde Ele, o Verbo Divino, tirou seu próprio corpo e sangue?















Segundo tradições antigas o manto de Jesus pode ter sido um presente de sua Mãe. E teria sido cuidadosamente tecido no aconchego de sua casa a mais preciosa veste de seu Filho Divino.

Esse mesmo manto foi reconhecido como precioso até mesmo pelos algozes do Senhor, que, admitindo a arte das mãos pelas quais fora tecido, simplesmente não o ousaram rasgar:

"Depois de o haverem crucificado, dividiram suas vestes entre si, tirando a sorte. Cumpriu-se assim a profecia do profeta: Repartiram entre si minhas vestes e sobre meu manto lançaram a sorte (Sl 21,19). "(São Mateus 27, 35)

"23. Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura.
24. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sl 21,19). Isso fizeram os soldados." ( São João 19,23-24)



Indivisível mesmo na hora da Paixão, ele também prefigura a Unidade da Igreja (Jo 17,20-21; Ef 4,4-6) – como também dos Remidos. 

A Unidade tecida pelas poderosas mãos de Maria não pode ser rompida nem mesmo por aqueles sob as trevas dos maiores tormentos.

A Comunidade tecida pelas mãos da Mãe do Senhor é reconhecida como preciosa até mesmo pelos infiéis.









Uma oração que minha mãe me ensinou 
para dizer antes de dormir, diz:

"Com Deus me deito,
com Deus me levanto
com a  graça de Deus, 
do Espírto Santo.
Nossa Senhora me cubra
com seu sagrado manto."







Sob o manto de Jesus temos toda a salvação e graça, Ele nos dá a paz, como lemos em:


Aproximaram-se de Jesus e viram o possesso assentado, coberto com seu manto e calmo, ele que tinha sido possuído pela Legião. E o pânico apoderou-se deles. (São Marcos 5, 15)


Por isso, ao pedirmos que Maria nos leve a Ele buscamos ser revestidos desse manto sagrado tecido por ela de duas maneiras:

1- de acordo com a tradição, Maria fez o manto e o deu a seu Filho.
2- Maria foi o próprio manto do Senhor enquanto este esteve em seu seio por nove meses.


A Mãe, ao revestir os Remidos com o seu manto, reproduz de forma carinhosa aquilo que o próprio Espírito de Deus havia feito com ela mesma: ela nos cobre com Sua Sombra. 

Nossa Mãe, ao nos cobrir com Seu Manto, designa-nos com o Seu Nome. 

Ela, que é reconhecida pela Igreja de Seu Filho como Rainha dos Céus e da Terra (Apo 12,1) – os mesmos domínios onde, conforme Isaías 6, a glória de Deus resplandecem – nos dá Seu salvo-conduto para exercermos com poder e autoridade o Testemunho dos Remidos, transitando livremente por esse mundo, literalmente revestidos pelas santas e poderosas insígnias da Mãe de Deus.

Assim, os Remidos vivem sob a proteção pública de Sua Mãe, gozando livremente daquilo que a Ela mesma pertence: a dignidade e o poder concedidos por Deus. 

Ela nos cobre com o manto da justiça que vem de Deus e intercede por nossos pecados, nossa nudez, para que nos aproximemos de seu Filho, como lemos na escritura:

Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus, e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno. (Baruc 5, 2)

Passando junto de ti, verifiquei que já havia chegado o teu tempo, o tempo dos amores. Estendi sobre ti o pano do meu manto, cobri tua nudez; depois fiz contigo uma aliança ligando-me a ti pelo juramento - oráculo do Senhor Javé - e tu me pertenceste. (Ezequiel 16, 8)
















Jesus nosso amado Senhor Ressucitado e Glorioso é descrito nas escrituras coberto por um manto sinal de sua vitória: 




Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é Verbo de Deus. (Apocalipse 19, 13)




Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores! (Apocalipse 19, 16)






Que o Rei dos reis escute nossos clamores e pedidos e que a intercessão de sua Mãe sempre nos ajude. Amém




Oração do Manto de Maria, dos pais para os filhos

(Essa oração da Idade Média procura três elementos de proteção para ajudar o jovem a crescer: O calor do amor, o guiar os passos e o encontro com a verdade. Naquela época as pessoas tinham um relacionamento natural com os mundos superiores  e a prece era o meio mais eficaz para expressar essa fé e confiança.)

Ó manto de Maria
proteja meu filho de todo mal
Ó manto de Maria
envie o calor do meu coração para meu filho
Ó manto de Maria
Guie os passos do meu filho na senda da verdade
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.













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