terça-feira, 11 de novembro de 2014

SÃO TEODORO STUDITA, MONGE - 12 DE NOVEMBRO

















Foi precisamente o tio que o orientou para a vida monástica, que ele abraçou com a idade de 22 anos. 

Foi ordenado sacerdote pelo Patriarca Tarásio, mas em seguida interrompeu a comunhão com ele pela debilidade demonstrada no caso do matrimónio adulterino do imperador Constantino VI. 

A consequência foi o exílio de Teodoro para Tessalonica em 796. 

A reconciliação com a autoridade imperial teve lugar no ano seguinte, sob a imperatriz Irene, cuja benevolência levou Teodoro e Platão a transferir-se para o mosteiro urbano de Studios, juntamente com uma boa parte da comunidade dos monges de Sakkudion, para evitar as incursões dos sarracenos. Deste modo teve início a importante "reforma studita".

Todavia, a vicissitude pessoal de Teodoro continuou a ser movimentada. 














Com a sua energia habitual, tornou-se o chefe da resistência contra o iconoclasmo de Leão V, o Arménio, que se opôs novamente à existência de imagens e ícones na Igreja. 

A procissão de ícones organizada pelos montes de Studios desencadeou a reacção da polícia. De 815 a 821, Teodoro foi flagelado, aprisionado e exilado em diversos lugares da Ásia. No final conseguiu voltar para Constantinopla, mas não para o seu mosteiro. Então, estabeleceu-se com os seus monges na outra margem do Bósforo. 

Parece que veio a falecer em Prinkipo, a 11 de Novembro de 826, dia em que o calendário bizantino o recorda.

 Teodoro distinguiu-se na história da Igreja como um dos grandes reformadores da vida monástica e também como defensor das imagens sacras, durante a segunda fase do iconoclasmo, ao lado do Patriarca de Constantinopla, São Nicéforo. 

Teodoro compreendera que a questão da veneração dos ícones interpelava a própria verdade da Encarnação. 

Nos seus três livros Antirretikoi (Confutações), Teodoro faz uma comparação entre as relações eternas intratrinitárias, onde a existência de cada uma das Pessoas divinas não destrói a unidade, e aS relações entre as duas naturezas em Cristo, que não comprometem nele a única Pessoa do Logos. 

E argumenta: abolir a veneração do ícone de Cristo significaria eliminar a sua própria obra redentora, dado que, assumindo a natureza humana, a Palavra eterna invisível, apareceu na carne humana visível e deste modo santificou todo o cosmos visível. 

Santificados pela bênção litúrgica e pelas orações dos fiéis, os ícones unem-nos à Pessoa de Cristo, aos seus santos e, através deles, ao Pai celeste e dão testemunho do ingresso da realidade divina no nosso cosmos visível e material.

Teodoro e os seus monges, testemunhas de coragem no tempo das perseguições iconoclastas, estão inseparavelmente ligados à reforma da vida cenobítica no mundo bizantino.

 A sua importância já se impõe por uma circunstância externa: o número. 

















Enquanto nos mosteiros dessa época não havia mais que trinta ou quarenta monges, da Vida de Teodoro sabemos da existência global de mais de mil monges studitas. 

É o próprio Teodoro que nos informa sobre a presença no seu mosteiro de cerca de trezentos monges; portanto, vemos o entusiasmo da fé que nasceu no contexto deste homem realmente informado e formado pela própria fé. 

No entanto, mais do que o número, revelou-se influente o novo espírito que o fundador imprimiu à vida cenobítica. 

Nos seus escritos, ele insiste sobre a urgência de um voltar consciente ao ensinamento dos Padres, principalmente a São Basílio, primeiro legislador da vida monástica, e a São Doroteu de Gaza, famoso padre espiritual do deserto da Palestina.

 A contribuição característica de Teodoro consiste na insistência sobre a necessidade da ordem e da submissão por parte dos monges. 

Durante as perseguições, eles dispersaram-se habituando-se a viver cada qual segundo o próprio juízo. 

Agora, que fora possível reconstituir a vida comum, era necessário comprometer-se profundamente para voltar a fazer do mosteiro uma verdadeira comunidade orgânica, uma autêntica família ou, como ele mesmo diz, um verdadeiro "Corpo de Cristo". É em tal comunidade que se verifica de maneira concreta a realidade da Igreja no seu conjunto.

Outra convicção fundamental de Teodoro é a seguinte: em relação aos seculares, os monges assumem o compromisso de observar os deveres cristãos com maior rigor e intensidade. Por isso, pronunciam uma profissão especial, que pertence às hagiasmata (consagrações) e é quase um "novo baptismo", cujo símbolo é a vestidura. Contudo, a característica dos monges em relação aos seculares é o compromisso da pobreza, da castidade e da obediência. 

Dirigindo-se aos monges, Teodoro fala da pobreza de modo concreto, às vezes quase pitoresto, mas no seguimento de Cristo ela é desde o início um elemento essencial do monaquismo e indica também um caminho para todos nós. 

A renúncia à propriedade particular, esta liberdade das coisas materiais, assim como a sobriedade e a simplicidade, valem de forma radical somente para os monges, mas o espírito de tal renúncia é igual para todos. Com efeito, não podemos depender da propriedade material mas, ao contrário, temos que aprender a renúncia, a simplicidade, a austeridade e a sobriedade. Somente assim pode crescer uma sociedade solidária e pode ser superado o problema da pobreza deste mundo.

 Portanto, neste sentido o sinal radical dos monges pobres indica substancialmente também a vereda para todos nós. 














Além disso, quando expõe as tentações contra a castidade, Teodoro não esconde as próprias experiências e demonstra o caminho de luta interior para encontrar o domínio de si mesmo e assim o respeito pelo próprio corpo e do próximo, como templo de Deus.

Mas para ele as renúncias principais são exigidas pela obediência, porque cada um dos monges tem o seu modo de viver e a inserção na grande comunidade de trezentos monges implica realmente um novo estilo de vida, que ele qualifica como o "martírio da submissão". 

Também aqui os monges apresentam apenas um exemplo de quanto é necessário para nós mesmos, porque depois do pecado original a tendência do homem é fazer a própria vontade, o princípio primário é a vida do mundo e tudo o resto deve ser submetido à própria vontade. Mas deste modo, se cada um seguir somente a si mesmo, o tecido social não poderá funcionar. Só aprendendo a inserir-se na liberdade comum, a compartilhar e a submeter-se a esta, aprendendo a legalidade, ou seja, a submissão e a obediência às regras do bem comum e da vida conjunta poderei salvar a sociedade e eu mesmo da soberba de ser o centro do mundo. 

Assim, com uma introspecção requintada, São Teodoro ajuda os seus monges e enfim também a nós, a compreender a verdadeira vida, a resistir à tentação de pôr a própria vontade como máxima regra de vida, e a conservar a verdadeira identidade pessoal – que é sempre uma identidade em conjunto com os outros – e a paz do coração.






X


Teodoro Estudita
Afresco na Igreja da Theotokos Peribleptos, em Ácrida, Macedônia.








Para Teodoro Studita, uma virtude tão importante quanto a obediência e a humildade é a philergia, ou seja, o amor ao trabalho, em que ele vê um critério para provar a qualidade da devoção pessoal: quem é fervoroso nos compromissos materiais, quem trabalha com assiduidade argumenta ele é-o também nos compromissos espirituais. 

Por isso não admite que, sob o pretexto da oração e da contemplação, o monge se exima do trabalho, também do trabalho manual, que na realidade é, na sua opinião e segundo toda a tradição monástica, o modo para encontrar Deus. 

Teodoro não tem medo de falar do trabalho como do "sacrifício do monge", da sua "liturgia" e até de um tipo de Missa através da qual a vida monástica se torna uma vida angélica. E precisamente assim o mundo do trabalho deve ser humanizado e, mediante o trabalho, o homem torna-se mais ele mesmo, mais próximo de Deus. 

Uma consequência desta visão singular merece ser recordada: exactamente porque é fruto de uma forma de "liturgia", as riquezas alcançadas a partir do trabalho comum não devem servir para a comodidade dos monges, mas ser destinadas à ajuda aos pobres. 

Aqui todos nós podemos entrever a necessidade de que o fruto do trabalho seja um bem para todos. 

Obviamente, o trabalho dos "studitas" não era apenas manual: eles tiveram uma grande importância no desenvolvimento religioso-cultural da civilização bizantina como calígrafos, pintores, poetas, educadores dos jovens, professores escolares e bibliotecários.

Mesmo exercendo uma actividade externa muito vasta, Teodoro não se deixava distrair por aquilo que considerava estritamente atinente à sua função de superior: ser o padre espiritual dos seus monges.

 Ele sabia como fora decisiva a influência que tiveram na sua vida, tanto a boa mãe como o santo tio Platão, por ele qualificado com o título significativo de "pai". Por isso, exercia sobre os monges a direcção espiritual. 

Cada dia, menciona o biógrafo, depois da oração vespertina ele punha-se diante da iconostase para ouvir as confissões de todos. Aconselhava também espiritualmente muitas pessoas fora do próprio mosteiro.

 O Testamento espiritual e as Cartas põem em evidência esta sua índole aberta e carinhosa, demonstrando como da sua paternidade nasceram autênticas amizades espirituais no âmbito monástico e mesmo fora.












A Regra, conhecida com o nome de Hypotyposis, codificada pouco tempo depois da morte de Teodoro, foi adoptada com algumas modificações no Monte Athos, quando em 962 Santo Atanásio Athonita fundou aí a Grande Lavra, na Rus' de Kiev quando, no início do segundo milénio, São Teodósio a introduziu na Lavra das Grutas. 

Compreendida no seu significado genuíno, a Regra revela-se singularmente actual. 

Hoje existem numerosas correntes que ameaçam a unidade da fé coral e impelem para um tipo de perigoso individualismo e soberba espirituais. É necessário comprometer-se em defender e fazer crescer a perfeita unidade do Corpo de Cristo, na qual podem compor-se harmoniosamente a paz da ordem e os sinceros relacionamentos pessoais no Espírito.

Talvez seja útil retomar, no final, alguns dos elementos principais da doutrina espiritual de Teodoro. Amor ao Senhor encarnado e à sua visibilidade na Liturgia e nos ícones. 

Fidelidade ao baptismo e compromisso a viver na comunhão do Corpo de Cristo, entendida inclusive como comunhão dos cristãos entre si. 

Espírito de pobreza, de sobriedade, de renúncia, castidade, domínio de si mesmo, humildade e obediência contra o primado da própria vontade, que destrói o tecido social e a paz das almas. 

Amor pelo trabalho material e espiritual. Amizade espiritual nascida da purificação da própria consciência, da própria alma e da própria vida. 

Procuremos seguir estes ensinamentos, que realmente nos indicam o caminho da verdadeira vida.

 Ele morreu em 11 de novembro do mesmo ano, celebrando a missa, aparentemente no Mosteiro de Agios Trifon, no Cabo Ácritas, na Bitínia. Dezoito anos depois seus restos mortais, juntamente com os de seu irmão José de Tessalônica, foram trazidos de volta para o Mosteiro de Stoudios e enterrados ao lado dos de seu tio Platão.




Igreja de São Teodoro Estudita, em Moscou







ORAÇÃO:

Escutai, Senhor, as súplicas que vos dirigimos  
na festa do vosso glorioso confessor São Teodoro Studita, 
para que, não tendo confiança na nossa justiça,
 encontremos apoio nas preces daquele que tanto vos agradou.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém






São Teodoro Studita, orai por nós!






Nenhum comentário:

Postar um comentário